domingo, setembro 18

Parei. 18:15. Corri os andares do prédio em frente. Faltavam poucos minutos. No topo, lá estava: o céu alaranjado, ardendo o sol que se ia. Fotografei.

O fogo.

A viagem estava marcada há meses e, ainda assim, ela me agarrava todos os dias que saia para o trabalho como que para deixar sua pele grudada na minha. No trabalho, me perguntavam como seria. No supermercado, me perguntavam. Só ela não perguntava e era a única para quem eu não tinha uma resposta.

Era o último dia na cidade e ela me pediu para não fazer nada a não ser estar com ela. Subimos a serra. Passamos a tarde sendo um ao outro antes que fosse tarde. O sol se pôs longe e ela disse: estou eternizando esse momento.

Parti.

O avião aterrissou antes da noite. Ainda na pista, apontei a câmera e eternizei o sol que se punha. Passei três meses entre tons de laranja, vermelho e amarelo. Fui a parques, torres, mirantes, árvores e aonde mais pudesse me despedir do dia.  Em cada clique, sentia que o sol levava para o outro lado do mundo o meu calor.

18:16 e voei para o aeroporto. Voltei. Corri a casa dela, bati, apertei a campainha, chamei, encostei a cabeça e ouvi os passos que vinham longe. A porta se abriu. Ela atrás.

Entrei.

Mostrei os tantos momentos que eu eternizei. Ela mostrou a parede azul que havia pintado. Eu falei de como o clima esteve perfeito por lá. Ela falou de que como havia chovido por aqui. Eu trouxe o fogo. Ela apagou.

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