quinta-feira, julho 7

Corra, corra, corra

Faltava tempo. Sobrava isso que chamam de felicidade. E de que adiantava tanta felicidade se as horas corriam sem levar na bagagem isso que dizem ser os benefícios da felicidade. Não se sentia leve porque não havia tempo. Suspirar não podia que faltava fôlego. Sobrevivia e isso era tudo o que sentia viver.
Ouvia dizer que era feliz. Talvez fosse. Na correria, não pensava. Agia e pronto. Pronto para tudo. Menos para a tal felicidade. Não havia desculpas, atrasos nem regalias. Tudo deveria ser feito religiosamente no horário. Esboçava um sorriso já na cama. Tão grande o cansaço que dormia com uma cara idiota, de quem tenta fingir e se esquece.
E um dia se esqueceu. Ninguém dizia mais que ele era feliz. Ninguém invejava isso que chamam de felicidade. Ninguém viu quando foi que parou. A verdade é que ninguém descobriu se de fato foi feliz todo esse tempo. Ainda assim, na memória ele sempre diz: bons tempos.

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