segunda-feira, julho 11

Imigrante


Chorava um rio e ainda nem era janeiro. Saudade demais. Encontrei-a sentada no canto da sala, do lado da árvore que eu montei de manhã para a gente comemorar o natal sem as crianças que ainda íamos fazer. E já não tinha como.
“Quero voltar”.
Ela era certa em tudo o que dizia. Foi assim que veio e é assim que partiu. Nas malas, só roupas. E sutilmente era como se toda a casa não tivesse mais nada. Dormi no chão. Almocei no chão. Vi no chão a notícia do ônibus que caiu.
Ela queria voltar.
Comprou a passagem de ida assim que tinha voltado e sequer telefonou. Estava certa que eu seria felicidade só de abrir a porta, só de deixá-lá entrar, só de ela colocar as malas no lugar, só de estar.
Vejo só as luzes da árvore e já é janeiro. Compro as coisas que ela tinha. Coloco na mala que ela tinha. Corro como um rio para que não termine o mês sem que eu encha a casa com ela. É o que ela faria. Com certeza.

.

2 comentários:

  1. lindo, olha só o que me lembrou:
    http://www.youtube.com/watch?v=ASBELuWZjGE

    ResponderExcluir
  2. Que música bacana, Carina. Mas juro que fiquei ouvindo até o último segundo para ver se não acontecia mais nada, hahaha

    ResponderExcluir