sábado, dezembro 3

Fernando


Eu queria agora um livro do Pessoa. Porque é preciso. Porque ele atinge cirurgicamente a dor. E não cura. Ainda assim, faz doer por alguma razão que agora parece conhecida e isso é remédio. Não posso reescrever o presente e já não basta acreditar que o que não tem remédio remediado está. Não preciso de alguém. Me basta Pessoa.
Controverso que seja, coloque essas páginas a minha frente que eu me encontro. Sem marca páginas que quero mesmo é que essas linhas se percam em mim e façam o contorno de um ser que sou sem nunca querer ter sido. A vida é vírgula, esperando o ponto final de um parágrafo distante a cada novo aposto.
Você não vai entender e nem mesmo espero. Recolha a crítica. Não vou ler os jornais anunciando nenhuma grande descoberta antes de descobrir o que se passa no meu mundo. Chamem Pessoa para cobrir a matéria.


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